O Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira (CBAM) é, de fato, uma resposta estratégica da União Europeia para mitigar a “fuga de carbono”, que ocorre quando empresas transferem a produção para países com regulamentações ambientais menos rigorosas para evitar custos associados às emissões de carbono. O CBAM busca criar um campo de atuação mais equilibrado, garantindo que tanto as indústrias europeias quanto os importadores enfrentem custos similares relacionados às emissões de carbono, independentemente da localização da produção.
Implementação do CBAM
- Fase de Transição (Outubro de 2023 – Dezembro de 2025):
- Durante essa fase, os importadores na UE serão obrigados a relatar as emissões de carbono incorporadas nos produtos que importam, mas sem a necessidade de pagar pelos certificados CBAM. Isso oferece um período para adaptação e preparação para o cumprimento completo das regras.
- Fase Completa (a partir de 2026):
- Nesta fase, os importadores terão que comprar certificados CBAM equivalentes às emissões de carbono dos produtos importados. Esses certificados refletirão o preço do carbono estabelecido no Sistema de Comércio de Emissões da UE (EU ETS), alinhando os custos de emissões para produtos importados e produzidos internamente.
Impacto Global e Desafios para o Brasil
Para o Brasil, o CBAM representa um desafio significativo, especialmente para setores intensivos em carbono, como o aço e o alumínio. A necessidade de transparência nas cadeias de produção e de redução das emissões de carbono pode exigir investimentos substanciais em tecnologias mais limpas e na verificação das emissões ao longo de toda a cadeia de valor.
Potenciais desafios incluem:
- Competitividade: Produtos brasileiros podem se tornar menos competitivos no mercado europeu se as emissões incorporadas forem altas e se os custos adicionais dos certificados CBAM forem significativos.
- Exigências de Conformidade: A adaptação a essas novas exigências regulatórias pode demandar tempo e recursos consideráveis.
Oportunidades:
- Liderança em Sustentabilidade: Por outro lado, o Brasil tem a chance de se posicionar como um fornecedor líder de produtos sustentáveis. Se o país investir em tecnologias de baixo carbono e adotar práticas de produção mais sustentáveis, poderá se diferenciar e até mesmo expandir sua participação no mercado europeu.
- Atração de Investimentos: Empresas brasileiras que adotarem rapidamente essas mudanças podem atrair investimentos internacionais interessados em cadeias de suprimentos com baixo impacto de carbono.
O CBAM sinaliza uma mudança importante no comércio internacional, onde a sustentabilidade está se tornando uma exigência central. As empresas que anteciparem e se adaptarem a essas mudanças terão uma vantagem competitiva significativa no mercado global, especialmente no comércio com a UE.